#RESENHA - Carta de Amor aos Mortos por Ava Dellaira
Título: Carta de amor aos mortos
Autor: Ava Dellaira
Editora: Seguinte
Páginas: 344
Idioma: Português
ISBN: 8565765415
Ano de Lançamento: 2014
Classificação: ♥♥♥♥
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SINOPSE: Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era — encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um — é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho.
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“- O universo é maior do que qualquer coisa que cabe na sua cabeça”.
Assim que vi o livro me apaixonei. TUDO me deixou extremamente ansiosa para o ler, sua capa, título e sinopse. Acho que este foi meu erro, criei muita expectativa e apesar de gostar do livro, minha paixão se desintegrou. Não me entendam mal, eu gostei do livro só esperava mais. A construção peculiar da história, a sutileza da Ava e principalmente sua a escrita compensaram todos pontos negativos. Sem contar o quanto eu chorei quando finalmente li a carta à May.
A história começa quando a professora de Inglês de Laurel pede um trabalho onde todos precisam escrever cartas para pessoas mortas. Ao invés de escolher sua irmã mais velha, May, que morreu há alguns meses atrás, Laurel escolhe escrever para grandes estrelas como Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse e Elizabeth Bishop, por exemplo, e isso acaba se transformando em um tipo de diário onde ela desabafa tudo que está sentindo e acontecendo em sua vida. E olha que para uma adolescente não é pouca coisa.
A morte de May leva uma parte de Laurel junto, ela venerava a irmã, a admirava e fazia de tudo para ser parte da sua vida. E apesar de ser como uma sombra de May, agora ela tem que enfrentar sozinha o luto, a fuga de sua mãe para o outro lado do país e os fantasmas do passado que a perseguem, a culpa, a partida da sua mãe.
Acredito que parte mais interessante da história é o fato de Laurel estar escrevendo e conciliando o que está acontecendo em sua vida com os grandes astros. Toda vez que ela começa a escrever para o remetente escolhido, é como se ela escolhesse exatamente o astro que mais se encaixa com o momento / sentimento da história.
A história é forte e densa, e não só por conta do luto de Laurel pela irmã, mas também todas as angústias e conflitos que os demais personagens do livro enfrentam. Ela tratou com muita sutileza assuntos que são considerados polêmicos nesta fase da adolescência.
"Eu estive pensando sobre isso. Sobre o que significa ver a imensidão de cada momento, de cada pedaço dele. Quero ser limpa - eu quero queimar todas as memórias ruins e tudo de ruim dentro de mim. E talvez seja que estar apaixonado faz. Assim a vida, a pessoa, o momento que você precisa manter fica com você infinitivamente."
Laurel é uma protagonista forte, porém verdadeiramente inocente. Ficava com o coração em pedaços quando ela descrevia o seu amor por sua irmã. O livro é realmente muito delicado, sensível e muito tocante.
E conforme vamos conhecendo melhor Laurel através de suas cartas, observamos o quanto ela vai mudando, crescendo, amadurecendo... e se libertando.
A paixão dela por Sky, um menino que é tão inseguro quanto ela é realmente lindo.
O modo como Ava escreve é realmente muito bonito, é difícil acreditar que é o seu primeiro livro. A narrativa acontece em primeira pessoa. De fato, não tenho reclamações graves para fazer da obra.
O único defeito que posso citar, é relacionado ao ritmo do livro. Senti uma certa dificuldade em ler porque achei algumas partes meio maçantes, repetitiva demais. Repetindo não é que eu não é que eu não gostei da história em sim — na realidade, eu adorei a história, as cartas, eu só não consegui deixar de achar o livro extenuante.
Se eu pensar bem sobre o livro, acredito que grande parte de toda repetição foi proposital pela Ava. Você só consegue entender o livro como um todo no final.
Chorei de soluçar com a carta da May, sua morte era um mistério, sabíamos através das cartas que May caiu de uma ponto, mas nunca iria imaginar que ela tivesse morrido por tal motivo (não posso contar – SPOILER) e que o final seria desta forma.
O livro nos mostra como se encontrar depois que perdemos alguém, porque consequentemente quando perdemos alguém também nos perdemos. E isso é o que acontece com a Laurel.
Sei que May está morta. Quer dizer, uma parte racional de mim sabe, mas não parece verdade. Ainda sinto como se ela estivesse aqui, comigo, de alguma maneira. Penso que ela vai entrar pela janela, depois de sair escondida, e me contar como foi a aventura. Se eu for mas desapegada, como May, talvez aprenda a viver sem ela.
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